Por, Pe. Marcelo S. de Lara.
Prezado amigo (a), o texto abaixo que partilho com você, nos ajuda a ver onde estamos errando. Se você acredita que a fé não está ligada à vida, preste atenção nesta reflexão.
Texto de: Sidemberg Rodrigues
“A espiritualidade é um espaço dentro do corpo, onde aquilo que não existe, existe.”
A escritora Adélia Prado talvez não soubesse que, em tempos de extremo individualismo, exacerbação do consumo e de uma ganância descabida, que migrou o sistema econômico mundial do status de antropofágico para autofágico, esse “espaço dentro do corpo”, tornar-se-ia uma grande lacuna, que nenhuma produção capitalista seria capaz de preencher. E, por isso, grande parte da humanidade perder-se-ia na ilusão de propostas traiçoeiras, expressas pela acumulação excessiva, pela corrupção, pela omissão e por tantas outras formas de se fugir da felicidade autêntica e da paz. E a mídia e a tecnologia ainda se tornaram servas interesseiras do capitalismo informacional.
A falta de foco na vida passou a responder por um paradigma cruel e excludente. Com isso, fome e desemprego; miséria e sofrimento. Percebe-se, também, que além dos sérios desequilíbrios econômicos que resultam em graves desigualdades sociais, há uma insatisfação generalizada, que se avoluma desde que o homem perdeu o interesse pela busca de um propósito mais amplo e nobre para sua vida, relegando o que tem de melhor: sua ‘essência divina’.
Sendo as empresas a viabilidade econômica da vida em sociedade, urge que atentem ao resgate do que pode ser a salvação das gestões: um retorno às coisas de Deus.
Com isso, deixar de olhar o trabalhador como um custo fixo e descartável. Promover climas organizacionais mais saudáveis, onde a crença em um divino expanda as perspectivas de sentido para a vida. Respeitar a diversidade, pois nossos valores são feitos de diferenças. Lançar um olhar compassivo para dentro e para fora das organizações, indo encontrar os que sofrem ou que precisam de comida, casa ou de um simples ombro.
Assim, fortalecer sentimentos esquecidos como a solidariedade, a fraternidade e a compaixão. Lembrar que o amor ao próximo e a paz podem fazer com que um ambiente de trabalho torne-se mais leve e favoreça a inovação, pois ela apontará caminhos de sobrevivência até mesmo para as organizações, que hoje patinam sem sequer compreender os mercados onde atuam.
Uma visão mais espiritualizada poderá enxergar que existem famílias atrás dos trabalhadores. E que, sem emprego e renda, as possibilidades de uma vida equilibrada são diluídas nas mandíbulas dos que querem lucro a qualquer custo. Urge os resgate ao menos da sensibilidade e do senso crítico que todos perdemos, nos esquecendo de que a vida pressupõe o bem estar social para um equilíbrio.
As empresas já não conseguem lucros estratosféricos e confundem uma ‘crise de valores’ com uma ‘crise econômica’. E continuam errando, pois ignoram que a solução não está nas coisa da terra, mas na visão holística dos poucos empresários que ainda olham para o céu.
Não é mais possível explorar para prosperar! Daí a urgência em trazer um pouco de Deus ao coração das gestões, para, no mínimo, permitir o humanismo nas relações e no trato com todas as formas de vida. Afinal, tudo merece existir! Abramos o livro da Adélia… ou fechemos os olhos à nossa própria salvação.
Fonte: Vitória. Revista da Arquidiocese de Vitória – ES. Ano X. Nº 119. Julho/2015, p. 11.