Neste segundo encontro da nossa Novena Jubilar, somos convidados a voltar o olhar para o Concílio de Niceia, que há 1700 anos afirmou com clareza a nossa fé em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Que este momento de oração e reflexão fortaleça nossa comunhão com a Igreja e nossa caminhada rumo à santidade.
2º encontro: O Concílio de Niceia
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T.: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Dir.: Irmãos e irmãs, sejam todos bem-vindos. Para começarmos bem o nosso encontro vamos invocar o Divino Espírito Santo.
T.: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis
e acendei neles o fogo do Vosso amor.
Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado.
E renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos Vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre da Sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.
1 – Niceia Ontem
Dir.: Na bula de convocação para o Jubileu, o Papa Francisco ressalta que, durante o Ano jubilar, acontecerá “um aniversário muito significativo para todos os cristãos: completar-se-ão 1700 anos da celebração do primeiro grande Concílio ecumênico, o de Niceia” (17), que começou no dia 20 de maio e terminou 25 de julho do ano 325.
A palavra “concílio” vem do Latim “concilium”, formada pela união das palavras “com”, que significa “junto”, mais “calare”, que quer dizer “chamar”. Portanto, um “concílio” é uma convocação, uma reunião especial, com o objetivo de estabelecer normas e orientações para a Igreja. Quando ele conta com a presença de representantes de todas as regiões do mundo, é chamado “Ecumênico”.
Esse ano também se completam 60 anos da conclusão do 21º Concílio Ecumênico, o Vaticano II (1962-1965), o último a ser realizado.
L.1: O motivoda convocação dos Concílios é ouvir a voz de Deus que fala pelas pessoas. A Igreja não é uma democracia, ou seja, as decisões não são tomadas por opiniões da maioria, mas pelo discernimento, que leva a reconhecer, na voz dos irmãos, a vontade de Deus, que, por isso, está em sintonia com a Bíblia e a Tradição. Esse discernimento exige oração e humildade, pois Deus só se revela quando estamos abertos e dispostos a fazer o que Ele nos revelar.
T.: “Fala, Senhor, que os teus servos escutam” (1Sm 3, 10).
Dir.: A inspiração para os Concílios vem da Bíblia, do chamado “Concílio de Jerusalém”, narrado em At 15. A questão era: os pagãos que se convertiam, precisavam ser circuncidados e observar a Lei de Moisés? Pode parecer uma questão de pouca importância, mas, no fundo expressava se a Igreja se via como uma seita judaica, ou como algo novo. O primeiro a falar foi Pedro. Depois Barnabé, Paulo e Tiago. Por fim, tomou-se a seguinte decisão:
L.2: Leitura dos Atos dos Apóstolos (15, 28-29): “Decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além destas coisas indispensáveis: abster-se de carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, das carnes de animais sufocados e das uniões ilegítimas. Vós fareis bem se evitardes essas coisas. Saudações!” Palavra do Senhor. T.: Graças a Deus.
Dir.: Nos primeiros séculos, a Igreja era perseguida. Por isso, não era possível fazer um concílio. No ano 313, o Imperador Constantino decretou o fim das perseguições. Isso possibilitou uma maior organização, a construção de igrejas e a realização do primeiro grande concílio, que aconteceu na cidade de Niceia, hoje Iznik, na Turquia.
T.: “O Senhor esteve ao nosso lado e nos deu forças, e nos libertou da boca do leão” (2Tm 4, 17).
L.1: O Concílio de Niceia tomou muitas decisões, mas a mais importante foi a proclamação da Divindade de Cristo, que estava sendo negada por um padre chamado Ário. O Novo Testamento e os ensinamentos dos Apóstolos e dos primeiros escritores, chamados “Santos Padres” já apontavam com clareza nessa direção, que Niceia vem consolidar.
T.: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo” (Mt 16, 16).
Dir.: Existem muitas informações erradas sobre um dos principais personagens de Niceia: Constantino. Há quem diga até que foi ele quem fundou a Igreja Católica! Pura ignorância! Além dos textos bíblicos, escritores como Inácio de Antioquia (+107) e Irineu de Lião (+202) deixam claro que a Igreja já estava bem constituída muito antes de Constantino nascer, em 272. Ignorantes também são os que dizem que ele tornou o Cristianismo a religião oficial do Império Romano, pois quem fez isso foi Teodósio, em 380 (mais de 40 anos depois da morte de Constantino). Certamente, ele teve um papel importante no início de uma nova fase para a Igreja, mas temos que nos ater aos fatos.
T.: “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que dizem” (cf. Lc 23, 34).
2 – Niceia Hoje
Dir.: O Papa Francisco nos convidou a celebrar os 1700 anos do Concílio de Niceia, porque ele “é um marco na história da Igreja. O aniversário da sua realização convida os cristãos a unirem-se no louvor e agradecimento à Santíssima Trindade e, em particular, a Jesus Cristo, o Filho de Deus, ‘consubstancial ao Pai’, que nos revelou este mistério de amor” (A Esperança não decepciona, 17).
T.: Bendito seja Deus, que nos reuniu no Amor de Cristo!
L.1: A maior herança de Niceia é a proclamação de Cristo como “consubstancial ao Pai”, ou seja, da mesma substância, deixando claro que Ele é o próprio Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que veio se revelar a nós, e não apenas mais um profeta.
T.: “Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Col 2,9)
L.2: Outro elemento importante da atualidade de Niceia é a Sinodalidade, ou seja, o caminhar juntos, o espaço para que todos se expressem, a busca por discernir a vontade de Deus e a aceitação da parte de todos, depois de definidos. O Papa Leão afirmou: “Deus criou o mundo para que pudéssemos estar juntos. ‘Sinodalidade’ é o nome eclesial desta consciência. É o caminho que exige que cada um reconheça a sua dívida e o seu tesouro, sentindo-se parte de um todo, fora do qual tudo murcha.”
T.: “Se andarmos na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus nos purifica” (1Jo 1, 7).
3. Oração
Dir.: Apresentemos agora nossas preces:
L.1: Perdoai-nos, Senhor, pelas vezes que não nos expressamos e não ouvimos os irmãos.
T.: Senhor, tende piedade de nós.
L.2: Dai-nos a graça, Senhor, de caminharmos unidos na fé.
T.: Senhor, atendei a nossa prece.
L.1.: Obrigado, Senhor, pelo Concílio de Niceia, que nos revelou quem é Jesus.
T.: Obrigado, Senhor.
L.2: Bendito sejais, ó Pai, por teres gerado o Filho e, com Ele, o Espírito Santo.
T.: Bendito seja Deus para sempre.
Dir.: A Fé de Niceia, enriquecida pelo Concílio de Constantinopla, foi resumida no Creio Niceno-Constantinopolitano, que professamos agora:
T.: Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra, / de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, / Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, / nascido do Pai antes de todos os séculos: / Deus de Deus, luz da luz, / Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, / gerado, não criado, consubstancial ao Pai. / Por Ele todas as coisas foram feitas, / e por nós, homens, e para nossa salvação, / desceu dos céus, e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, / e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; / padeceu e foi sepultado. / Ressuscitou ao terceiro dia, / conforme as Escrituras, / e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. / E de novo há de vir, / em Sua glória, / para julgar os vivos e os mortos; / e o Seu reino não terá fim. /
Creio no Espírito Santo, / Senhor que dá a vida, / e procede do Pai e do Filho; / e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: / Ele que falou pelos profetas. /
Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. / Professo um só batismo para remissão dos pecados. / E espero a ressurreição dos mortos / e a vida do mundo que há de vir. Amém
Dir.: O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à Vida Eterna. T. Amém.
Conteúdo: Pe. Emílio Bortolini Neto
