
Depois de quase sete anos em terras paranaenses, no dia sete de novembro de 2025 foi publicada a notícia da minha nomeação, sendo transferido da Diocese de União da Vitória, no Paraná, para a Diocese da Campanha, no sul de Minas Gerais. Como um dia falou alguém sábio, “devemos florescer onde Deus nos plantou”. Assim, devo agora procurar florescer e dar frutos em outra terra, onde agora Deus deseja me plantar. No entanto, enquanto ainda tenho algumas raízes por aqui, gostaria de dizer sobre as flores e os frutos que o Senhor me permitiu produzir e colher em terras paranaenses.
Primeiro, desejo dizer sobre o povo bom que aqui conheci, sejam leigos ou clérigos, flores que encontrei e que me permitiram colher frutos de uma amizade tão boa que levo comigo. Um povo religioso, com tradições arraigadas na fé de seus antepassados poloneses, ucranianos, alemães, italianos e nativos, entre outras etnias que povoam este extremo sul do Paraná. Gente que traz em seu sangue tradições culturais que se expressam na língua materna ainda falada por muitos, nas danças e na culinária marcantes, no jeito de ser e de viver oriundos das lutas de seus antepassados que desbravaram, na força de seu braço e do seu caráter, a terra muitas vezes inóspita e selvagem que receberam em meio a alegrias e enganos de promessas não cumpridas. Ao povo da Diocese de União da Vitória, meu respeito e gratidão.
Em seguida, quero falar daquilo que já me referi tantas vezes: a beleza da natureza que me fascinou desde que aqui cheguei, como a exuberância do verde, que marca toda a diocese, a imponência do Rio Iguaçu, sua riqueza e os temores que sempre desperta em todos que dele se avizinham, a majestade das Araucárias, nosso “pinheiro” brasileiro, árvore magnífica, bela e ameaçada, assim como a Imbuia, outra árvore tão marcante daqui. Como é bonita aos olhos dos que vêm de fora, ainda não acostumados com tudo isto, a beleza deste lugar! Levarei gravadas em minhas retinas, como pinturas de um exímio artista, os fascinantes ângulos das diversas paisagens que aqui presenciei. Como não me lembrar do morro do Cristo visto desde a Ponte Domingos Scaramela no final das tardes ensolaradas, ou do pôr do sol nesta mesma ponte, quando ia em direção ao centro? Como não me recordar do cartão postal que se desenhava à minha frente quando chegava a Porto Vitória, onde ao mesmo tempo em que via as corredeiras do rio Iguaçu era também recebido por uma cachoeira na entrada da cidade? Como apagar da mente a beleza das matas de Araucárias nos morros de General Carneiro, Cruz Machado ou na estrada de Bituruna? Sim, levarei comigo a força exuberante do verde destas paisagens inesquecíveis.

Por fim, na colheita de flores e frutos deste tempo memorável de minha vida, recolho no bojo das mãos elevadas a Deus em gratidão as primícias do meu ministério episcopal, pois foi aqui, nesta querida Diocese de União da Vitória, onde fui bispo por primeiro. União da Vitória será sempre minha primeira Diocese, aquela que Deus escolheu para me ensinar a exercer este ministério tão belo e tão exigente. Como em todo aprendizado humano, sei que por vezes acertei mais e em outras, menos, e assim, agradeço ao Senhor e a todos os que me ajudaram a acertar, bem como peço perdão ao Senhor e a todos os que tiveram que suportar quando eu não soube acertar como deveria, e mesmo, sofrer as consequências dos erros que cometi, mesmo tentando acertar. Deus, que tudo pode, há de tirar proveito até mesmo de nossos erros.
Finalizo este “memorial/testamento” recordando o apóstolo Paulo, que jamais esquecia as Igrejas onde exerceu o ministério pastoral, desejando que esta querida Igreja Particular, esposa amada de Cristo, cresça sempre mais em direção àquela perfeição desejada pelo seu Senhor, com seus membros vivendo unidos, sem divisão de nenhuma espécie, firmes na fé e na atenção aos mais sofridos, atentos aos sinais do Espírito, a fim de que experimentem sempre mais a alegria do Evangelho de Jesus.
Um grande e fraterno abraço a todos. Que Deus abençoe nossa querida Diocese de União da Vitória.
Escrito por: Dom Walter Jorge Pinto










