“A Igreja do Diálogo no Concílio Vaticano II – Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso” foi o tema trabalhado pelo Pe. Elias Wolff, entre os dias 9 a 11 de setembro, em União da Vitória, PR. O evento aconteceu na paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro São Bernardo, e contou com a presença de padres, diáconos, seminaristas, religiosos e leigos, além do bispo emérito, Dom Walter Michael Ebejer, e do bispo diocesano, Dom João Bosco Barbosa de Sousa.
Padre Elias Wolff é do clero de Lages, SC, mas atualmente leciona em Curitiba. É assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso da CNBB, e membro da Comissão Teológica do CONIC. Além de mestrado em Filosofia e doutorado em Teologia, pela Universidade Gregoriana, de Roma, tem várias obras e artigos publicados no campo do Ecumenismo. Colaborou em 2012 com um dos volumes que compõem a Coleção “Revisitar o Concílio”, onde comenta os textos conciliares que dão base para o diálogo ecumênico inter-religioso.
Na tarde de segunda feira, dia 9, Pe. Elias iniciou a reflexão, mostrando que o Concílio Vaticano II teve como eixo fundamental o Ecumenismo. O Concílio teve como um dos principais objetivos abrir a Igreja Católica para o diálogo com o mundo, e com as religiões cristãs e não cristãs. As referências sobre o Ecumenismo e o Diálogo inter-religioso estão em todos os 16 documentos, especialmente como a Unitatis Redintegratio, Dignitatis Humanae e Nostra Aetate.
Na terça feira, dia 10, foi exposto por meio de vídeo e palestra uma retrospectiva histórica das iniciativas de diálogo entre as religiões. E, na quarta, dia 11, na parte da manhã se estudou o Diretório para a Aplicação dos Princípios e Normas sobre o Ecumenismo (1994), e se esclareceu as questões de celebrações que envolvem sacramentos que podem vir a ter participação de religiões diferentes.
No período da tarde, o assunto foi o diálogo inter-religioso, quando Pe. Elias esclareceu que, no diálogo, a intenção não deve ser a mudança de religião do outro, mas sim a aproximação com os valores do Evangelho. “O diálogo inter-religioso não é converter o outro, mas evangelizar e, para haver isso, deve haver amor que se expressa pela presença e disponibilidade ao outro”, declarou. Para ele, o diálogo deve respeitar a individualidade de cada pessoa. “Não respeitar o diálogo, é desrespeitar a legitimidade individual do outro, e isso não é evangélico”, afirmou o padre.
Navegando entre causas históricas e doutrinais que levaram às separações na Igreja de Cristo, entre o ardor do Concílio Vaticano II, os documentos da Igreja e as posições e declarações dos irmãos separados, padre Elias levantou questionamentos. Segundo ele, de ambas as partes deve haver um gesto de contrição, citando exemplos dos chefes da Igreja Católica e Ortodoxa que retiraram as mutuas declarações de excomunhão, de séculos passados, fazendo gestos públicos e significativos de reconciliação.
Na prática para se realizar o Ecumenismo, padre Elias destacou que deve haver o interesse de todos pela Unidade, uma verdadeira renovação da Igreja e conversão do coração, busca de conhecimento mútuo, formação ecumênica, cuidado no modo de expressar e expor a doutrina da fé e real cooperação, especialmente na dimensão social, na comunhão da fé e na espiritualidade.
Ao final do encontro não faltou, da parte de padre, o incentivo para que cresça na nossa Dioceses o interesse pela prática ecumênica. Com base no Diretório de Ecumenismo, ele recomendou que houvesse um Delegado Ecumênico (que já existe, e quem aceitou esse encargo foi o Pe. Mário Fernando Glaab, pároco da Paróquia do Perpétuo Socorro, em São Mateus do Sul). O próximo passo será constituir uma Comissão bem representativa, que deve estudar os documentos e propor um programa que envolva toda a Igreja diocesana.
Uma Oração pela Unidade, composta pelo próprio Pe. Elias Wolff, marcou o encerramento da Semana Teológica, realizada no contexto dos 50 anos do Concílio Vaticano II e na comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante.
Diác. Marcelo de Lara
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União da Vitória (Diocese)