Demonstrando a importância da Catequese e dos Catequistas na vida da Igreja, a paróquia S. Miguel Arcanjo, de Porto Vitória, celebrou no da 29 de agosto o Dia do Catequista de um modo diferente. O pároco, Padre Emílio Bortolini levou os Catequistas para um passeio, afim de conhecerem igrejas nas cidades de Mallet, São Mateus do Sul e Campo do Tenente. Esta história, padre Emílio mesmo nos conta:
“A palavra ‘Catequese’ vem da união de duas palavras gregas ‘Cata’, que significa por inteiro, completo, e ‘Ekein’, soar. Portanto, seu sentido original é o de fazer soar, ecoar em nossas almas, de uma forma completa, a Palavra de Deus. Frequentemente, porém, esquecemo-nos disso, e ela fica restrita à forma de textos, trazidos nos livros usados.
No Oriente Cristão, boa parte da Catequese é feita de modo visual, contemplando os Ícones, que são uma espécie de Catequese Visual, e mesmo no Ocidente, durante muitos séculos, as pinturas e vitrais desempenharam um papel importantíssimo na transmissão e consolidação da Fé.
Na primeira igreja que visitamos, a Capela Nossa Senhora Aparecida, em Mallet, pudemos constatar isso, aprendendo muito com os belíssimos vitrais, de Nossa Senhora Aparecida, dos Mistérios Luminosos do Rosário e da Via Sacra. O presidente da capela, Sr. Oscar Andrade, contou-nos um pouco da história e da grande dedicação, sua e da comunidade, para que esta belíssima igreja fosse construída.
Os vitrais, independente do que retratem, nos recordam a ação de Deus na alma humana, pois, para revelarem sua beleza, precisam ter a luz atrás deles. Numa pintura, a luz “morre” no quadro, termina nele. Num vitral, a luz o atravessa, vem de trás, como que do seu interior. Assim, a nossa alma só revela sua beleza quando iluminada pela graça de Deus.
Depois, fomos visitar a matriz da paróquia S. Mateus, onde fomos muito bem acolhidos pelo pároco, Pe. Silvano (que, por ter trabalhado em Porto Vitória nos anos 90, pôde rever muitos amigos). Pe. Silvano contou-nos um pouco da história da paróquia e do município, e mostrou-nos uma relíquia dos Santos Inocentes (as crianças que foram mortas pelo Rei Herodes), na Pedra d’Ara do altar principal, dando-nos a possibilidade de tocá-la.
Na tradição cristã, tocar uma relíquia de santo é receber a energia divina que viveu nele, pois nem a morte pode apagar o poder de Deus que agiu numa pessoa! Em seguida, mostrou-nos outras imagens, como um fac símile de Nossa Senhora Aparecida e um manto trazido do Peru, e serviu-nos um delicioso almoço, gentilmente oferecido por sua comunidade.
Fomos, então, para um momento único na vida da maioria dos participantes: conhecer um mosteiro! Como, infelizmente, nossa diocese não possui nenhum, a maioria do nosso povo não conhece essa forma de vida, dedicada à experiência de Deus por meio da oração e do trabalho, que abre suas portas para que os visitantes possam se impregnar do suave aroma da graça divina que brota do claustro.
Acolhidos por Ir. Guilherme, que nos contou um pouco da história e da vida dos monges, em seguida falei do simbolismo cristão de números (3,4,7,8, 12) e formas geométricas (triângulo, quadrado, octógono, círculo, semicírculo), a partir da arquitetura da capela do mosteiro, uma das mais belas que já vi em toda a minha vida! Encerramos nossa visita participando da oração das Vésperas, com belíssimos cantos gregorianos (alguns compostos há mais de 1.000 anos!). Na viagem de volta, pude constatar o interesse e a curiosidade de muitos, que faziam muita perguntas sobre o que tinham visto.
Conversando com os participantes, percebi que todos tiveram a mesma sensação: “temos tanta coisa bela e profunda ao nosso redor, e não aproveitamos”, disse um deles.
Muitas igrejas de nossa diocese tem um patrimônio artístico, cultural e espiritual muito grande, que pode ser bem aproveitado na nossa Catequese. Assim, a palavra de Deus estará soando em sua plenitude, chegando à nossa mente, aos nossos olhos, aos nossos ouvidos, ao nosso coração, a todo o nosso ser.”
Texto de: Pe. Emílio Bortolini Neto
Pároco da Paróquia S. Miguel Arcanjo, Porto Vitória