Por, Dom Walter Jorge.
Por causa da pandemia quase todos os fiéis tiveram que abandonar as celebrações religiosas presenciais de sua fé. Foi e está sendo um período muito difícil para os católicos, pois a nossa forma cristã de crer tem na participação comunitária da Eucaristia seu ponto mais sublime e elevado. Participar da Santa Missa não é um algo a mais entre as práticas religiosas da fé católica, mas um ato fundamental de devoção e obediência ao mandato de Jesus na Última Ceia, quando disse aos discípulos: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19c).
Felizmente, a grande maioria seguiu assistindo as celebrações pelas mídias sociais, o que foi um grande alento, pois neste tempo de restrições, tal forma de “participação” supriu em parte tanto o preceito quanto o desejo de participar da Santa Missa. À medida que a situação em relação à pandemia foi melhorando e as autoridades sanitárias permitiram, aqueles que não corriam um risco maior foram aos poucos voltando às igrejas para o grande Banquete, no qual o Cordeiro imolado se dá a todos como o Pão Vivo descido do Céu.
O tempo passou, e hoje o Brasil se encontra no melhor momento desde maio passado, com os números de mortos e infectados diminuindo em sua média diária global. Assim, torna-se possível, sem relaxar os cuidados para evitar novas contaminações, a volta de um maior número de fiéis às práticas religiosas tão preciosas quanto necessárias, em especial a participação na Eucaristia e à confissão sacramental.
É, portanto, tempo oportuno para a volta decidida dos cristãos à participação presencial nos atos públicos de fé. Todos aqueles que não se encontram nos grupos de risco, seguindo os protocolos fixados pelo poder sanitário público, bem como pelas igrejas, devem com alegria e decisão, retornar ao convívio comunitário nas Celebrações Eucarísticas. Não há mais sentido para o contrário, quando vemos nossas praças, mercados, bares e lugares de passeio repletos de pessoas, sobretudo de jovens, e nossos templos, onde as normas de segurança são seguidas com decisão, privados desta mesma presença.
Nenhum católico (a não ser que a sua condição não o permita) deveria dizer coisas do tipo: “eu rezo em casa, pois é a mesma coisa”, pois não é verdade tal afirmação, uma vez que nossa fé tem no aspecto comunitário de suas celebrações, ponto fundamental. Lembremo-nos que Jesus não chamou nenhum de seus discípulos a segui-lo sozinho, a celebrar a Eucaristia em casa ou a se confessar diretamente com Deus. As palavras bíblicas contidas no Novo Testamento e o testemunho da Igreja primitiva atestam o contrário.
Assim, quero exortar a todos a não deixarem a necessidade de isolamento ocorrida na pandemia tornar-se um costume, como se fosse um “novo normal”. O normal para nós é estarmos juntos nas igrejas, é celebrarmos juntos, adultos, jovens, crianças e idosos, formando a grande família dos batizados. Repito: não é normal para os cristãos uma fé individualista, privatizada, vivida de modo isolada. Assim, à medida que for sendo possível para cada faixa etária e grupos apontados pelas autoridades sanitárias, que todos possam ir voltando à prática presencial da fé. Exorto especialmente aos jovens a não deixarem de seguir Jesus Cristo junto com os outros jovens e os demais cristãos, pois é na juventude que geralmente se dá a resposta mais decidida ao chamado que Deus nos faz.
Esperamos superar totalmente esta pandemia seguindo com toda prudência as recomendações sanitárias e evitando, assim, uma segunda onda da Covid-19 no Brasil. Caso necessário, estaremos atentos para recuar e “combater o bom combate”. Neste momento, entretanto, queremos com o salmista cantar exultantes ao nos dirigirmos de novo à casa de Deus: “Que alegria quando me disseram: ‘vamos à casa do Senhor’”! E agora nossos pés já se detêm, Jerusalém, às tuas portas! ” (Sl 122, 1-2).
Texto: Dom Walter Jorge
Bispo Diocesano de União da Vitória – PR
Postagem: Setor de Comunicação