Dom Luciano Mendes de Almeida foi um homem que sempre amou os pobres com grande amor. Certa vez, durante um inverno rigoroso ele fez a todos nós esta pergunta: “onde estão dormindo os nossos pobres? ”.
Diante daquele frio intenso, que nos doía nos ossos e do qual procurávamos todos nos proteger o quanto podíamos, esta pergunta calou fundo em nossas almas. Como estariam aqueles que não podiam se proteger como a maioria de nós? Como estavam sendo as suas noites? Como estavam dormindo as suas crianças e os seus idosos? E os que moravam nas ruas, como estavam vivendo tal situação? Confesso que naqueles dias não foi tão reconfortante dormir debaixo de tantas cobertas…
Na semana passada, quando passei perto das linhas desativadas da Maria Fumaça de nossas cidades de União da Vitória e Porto União, percebi que havia duas famílias morando em barracas de lona plástica. Uma senhora idosa fabricava balaios, certamente para o sustento daquelas famílias. Diante do frio muito intenso que aqui experimentamos nessa mesma semana, fiquei me perguntando como aquelas famílias teriam passado as noites.
Ontem fiquei sabendo de algumas mortes por causa do frio na cidade de São Paulo, cujo frio ainda é menor do que o nosso. Ocorreu-me que precisamos urgentemente procurar saber se alguém, pelas cidades de nossa Diocese de União da Vitória, não correria o risco de padecer do mesmo mal, pois seria imensamente triste e terrivelmente assustador para o nosso testemunho cristão, se tal coisa viesse a acontecer por aqui.
Assim, gostaria de convidar a todos os fiéis e pessoas de boa vontade, diante dos rigores do inverno por aqui, procurar saber onde estão dormindo os nossos pobres; como estão passando as noites de frio; se têm enfrentado com um mínimo de condições dignas tal situação. Pois, se constatarmos que alguém entre nós está em situação precária para enfrentar o frio, precisamos, urgentemente, ir ao seu encontro, fazer o que for possível num primeiro momento para sanar tal situação e procurar logo soluções de longo de prazo, a fim de que nenhum irmão ou irmã nosso venha a passar tamanho sofrimento sem que tenhamos feito algo por eles.
Feito isso, estou certo de que a alegria das nossas noites de inverno, aquecido debaixo de muitos cobertores, com certeza será bem maior.
Dom Walter Jorge Pinto
Bispo Diocesano de União da Vitória
Foto Capa: Site Notícias Uol