O Cristianismo passou por muitas vicissitudes, por muitas e grandes crises da história, sejam grandes guerras, perseguições, crises humanitárias causadas por fomes, cataclismos, migrações forçadas etc., e sempre foi capaz de oferecer suas contribuições para o enfrentamento e também para a superação das mesmas.
Estamos vivendo atualmente tempos muito desafiadores para a humanidade onde grandes tribulações a têm assaltado como as recentes guerras, as quais causaram um grande fluxo migratório, forçando gigantescas massas populacionais a deixarem suas terras, ao custo de muitas e muitas vidas, crises políticas intensas, com a volta de perigosas expressões autoritárias que se pensavam superadas, várias manifestações preocupantes de sinais do esgotamento do planeta, entre outras. No entanto, entre as mais graves, sobretudo é a pandemia da Covid-19 a que mais tem desafiado atualmente a humanidade.
Como já dito, o Cristianismo sempre foi capaz de dar alentos e responder aos desafios da humanidade com a mensagem evangélica, e principalmente, o testemunho das vidas que nele se apoiam e o tem como carta magna para o viver. E como o Evangelho não perdeu a sua força, posto que a mesma emana do Deus vivo que o quis revelar a nós, em Jesus Cristo, podemos, portanto, afirmar que o Cristianismo pode e deve oferecer hoje sua importantíssima contribuição aos nossos dias, ajudando a interpretar corretamente os atuais fatos.
No entanto, algo novo tem acontecido e pode nos enfraquecer enquanto cristãos, pois tem o poder de gerar divisões entre as pessoas. Trata-se de um fenômeno que alguns filósofos têm denominado de “pós-verdade”. Para eles essa “pós-verdade” se refere “a circunstâncias nas quais os fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais” (cf.
https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/resumo-atualidades-a-era-da-pos-verdade).
Assim, o que importaria agora já não seria a verdade dos fatos, mas aquela suposta “verdade” na qual passei a acreditar, baseado naquilo que eu já queria crer e que procurei justificar com argumentos muitas vezes pouco ou nada científicos ou razoáveis. O que importaria, na verdade, é a posição que desejo defender.
Em um tempo assim, para nós cristãos, o Evangelho é fundamental, pois nos manterá ligados aos valores e fins que mais importam, como a justiça, a ética, a defesa da vida abundante para todos, o amor, a fraternidade e a busca sincera da paz, entre aqueles que nele são propostos por Jesus. Assim, evitaremos que posições ideologizadas fiquem nos conduzindo, fazendo-nos participar de jogos de poder aos quais não interessam os valores e os fins acima mencionados.
Manter-se firme em Jesus Cristo, buscando a unidade dos cristãos por meio daquela fraternidade à qual não se pode renunciar, em contínua vida de oração e escuta da Palavra de Deus e, atentos, ao amor concreto ao próximo, sobretudo aos mais vulneráveis, certamente será a chave para a superação destes difíceis tempos.
Que Deus nos dê aquela verdadeira sabedoria que somente dele pode vir e nos faça conhecer sempre mais a verdade que liberta.
Autoria: Dom Walter Jorge Pinto
Postagem: Setor de Comunicação
Diocese de União da Vitória – PR
Foto Capa: Daniel Mafra/cancaonova.com